Os reflexos desse acidente estender-se-ão por muitas décadas e, por certo, algumas coisas nunca voltarão a ser como antes.
Em que pese o fato de o Brasil – Petrobrás – ser líder e referência mundial neste tipo de exploração, possuir tecnologia própria e deter o atual recorde mundial de profundidade, fica uma questão: estamos prontos para lidar com uma catástrofe desta proporção? Bem, acho que não. Doutra forma, se possuímos tecnologia para estancar vazamento nesta profundidade, por que não oferecemos ajuda – coisa que o atual governo ama fazer – para os norte-americanos?
Fundamento, ainda, minha opinião no fato de os Estados Unidos, país muito mais preocupado com segurança – preocupação justificada e que faz deles quase neuróticos – levar longos nove dias para montar uma força-tarefa e iniciar a efetiva implementação de operação para conter os danos. Se um país muito mais eficiente e eficaz na tomada de decisões levou tanto tempo para reagir quanto levará o Brasil?
Corroborando minha dúvida, coloco nova data para lembrarmos: 20 de março de 2001. Nessa data teve fim o suplício de cinco dias da plataforma brasileira P-36 (então a maior brasileira com exploração em torno de 84 mil barris/dia). Ela afundou levando consigo mais de 1500 toneladas de óleo.
Na época muito se falou acerca da segurança deste tipo de exploração, mas, como tudo no Brasil, após algum tempo, caiu no esquecimento (com certeza,
não dos familiares das onze pessoas que morreram na explosão inicial!).
Agora, o assunto em voga é exploração de petróleo nas recém descobertas jazidas do pré-sal. O que é pré-sal? O pré-sal é uma camada de reservatórios que se encontram em camada de sal que abrange o litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, ao longo de 800 quilômetros de extensão por até 200 quilômetros de largura, em lâmina d'água que varia entre 1,5 mil e 3 mil metros e soterramento entre 3 mil e 4 mil metros. [2].
Até o momento, tudo que tem sido noticiado é o suposto tamanho das novas jazidas, no quanto reverterá ao país ($$$), na necessidade de equilíbrio entre demanda e produção de combustíveis etc. Não se ouve nada acerca de planos de contingência. Limita-se, o Poder Público, a divulgar os bônus e omitir os possíveis ônus.
Concluindo, precisamos nos conscientizar da necessidade de mudar este cenário; precisamos entender que somos elite pensante e, como tal, passar a agir como formadores de opinião; que podemos fomentar mudanças; que podemos implementar atividades mostrando que a teoria pode – e deve – ser convertida em prática; que a hora de agir é agora.
Para informação do leitor, em decorrência do acidente na Deepwater Horizon, da ineficácia da British Petroleum na contenção do vazamento e da inexistência de tecnologia capaz de fazer frente a acidentes similares, a exploração de petróleo em águas profundas nos Estados Unidos está suspensa, sine die.
[1] Considera-se exploração em águas profundas toda aquela procedida a mais de 500 pés (aproximadamente 150m).
[2] Fonte: Valor Online. Disponível em http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2007/11/08/ult1913u78565.jhtm
[3] Fonte: Balanço Energético Nacional, Ministério das Minas e Energia – MME.
Por Péricles P. Freitas - voluntário do grupo local de Belo Horizonte
Um comentário:
Olá, estou tentando contactar o Greenpeace em BH, mas não estou conseguindo. Você pode me indicar um número? Favor enviar para: debscecilia@yahoo.com.br
Obrigada, Débora
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